Fortunato Roma da Fonseca
Neste dia 1
de Maio de 2014, faz 106 anos que FORTUNATO
ROMA DA FONSECA, nasceu no Alandroal, distrito de Portalegre, no ano de
1898. Faleceu em Lisboa, a 29 de Março de 1972.
FORTUNATO ROMA DA FONSECA (1898 –
1972). Violista, compositor
FORTUNATO ROMA DA FONSECA, nasceu no Alandroal, distrito de
Portalegre, no dia 1 de Maio de 1898. Seus pais, Augusto César da Fonseca e
Eugénia Roma da Fonseca, eram proprietários rurais, naturais desta freguesia do
Alandroal. Teve como avós paternos, Fortunato José da Fonseca e Maria Teresa, e
maternos, António José Rosa Roma e Ana Gertrudes Roseiro. Foi baptizado na
Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Conceição, da vila e concelho do Alandroal
e freguesia de Nossa Senhora do Rosário. Foi seu padrinho, o médico João Luís
da Fonseca, na altura solteiro, tendo Nossa Senhora como madrinha[1].
Este seu padrinho de quem herda o apelido “da Fonseca” médico e conterrâneo
nascido em 1868, formado pela Escola Médico-Cirúrgíca de Lisboa, era uma
personalidade muito ligada à cultura, homem de letras, poeta, coleccionador e
crítico de arte[2]. Terá
tido uma influência grande no que respeita à formação cultural do jovem
Fortunato que cedo se manifestou um poeta e músico de qualidade reconhecida. Em
Coimbra foi violista e compositor, sendo que não desdenhava cantar
acompanhando-se no seu violão de cordas de aço. É autor das músicas de pelo menos três
Fados de Coimbra muito conhecidos:
- “Fado de Santa Cruz (Igreja de Santa Cruz)”, e da sua 2ª quadra, sendo a primeira
de João Penha (1839 – 1919).[3]
- “Fado Triste (Ai daqueles que só amam)”,
em que a 1º quadra é de autor desconhecido e a 2ª é do poeta João da Silva
Tavares (1893 – 1964), alentejano como o autor da música, mas de Estremoz.
- “Crucificado (Avé-Marias são beijos)”, cuja letra é de Francisco Bastos (1864 –
1901), um estudante brasileiro da Paraíba do Sul, que cursou Direito em Coimbra.
Foi caloiro
da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra no ano lectivo de
1921-1922, tendo acompanhado com grandes figuras da música e do canto de
Coimbra, como António Menano (1985 – 1967), Américo Cortêz Pinto (1896 – 1969),
Adozindo Providência (1897 – 1972), Fausto Frazão (1897 – 1947), os da sua
idade Roseiro Boavida (1898 – 1975) e António de Sousa (1988 – 1981).
Acompanhou ainda Edmundo de Bettencourt (1899 – 1973)[4],
Artur Paredes (1899 – 1980), D. José Pais de Almeida e Silva (1899 – 1969), um
ano mais novos que Roma da Fonseca, Francisco da Silveira Morais (1899 - 1959),
João Carlos Celestino Gomes (1899 – 1960). Conviveu com muitos outros que já
incorporavam os ventos de mudança da geração da Presença que nasce formalmente
em Coimbra no ano de 1927.
Casou em
Lagoa, concelho do distrito de Faro, Algarve, no ano de 1944, na Conservatória
do Registo Civil de Lagoa, com Maria Emília Cardoso Rogado, natural desta
freguesia de Lagoa[5]. Viveu
no Algarve e depois já no fim da sua carreira de médico estomatologista, estabeleceu
residência em Almada. Conta-nos o professor António Martinó de Azevedo Coutinho[6],
que o Dr. Roma da Fonseca por volta dos anos 50 do século passado passava
largas temporadas em Portalegre, onde tinha consultório com o colega Dr. Luz e
Silva. Escrevia poesia que publicava no semanário local “A Rabeca”. Era no
dizer de Azevedo Coutinho “ … um poeta inspirado, com profundo conhecimento do
meio e das personalidades locais, sendo dotado de um espírito mordaz e muito
observador das peculiaridades indígenas.”. Adianta-nos ainda, que na década de
sessenta residia em Almada informando-nos que “ … registam-se notícias suas, ligadas ao Café
Central, que assiduamente frequentava e onde, apesar da avançada idade,
partilhava vastos e profundos conhecimentos de excepcional cultura geral que
ainda detinha, com estudantes e interessadas, em públicas palestras de mesa que
ficaram célebres”. Esta sua faceta de homem de cultura, poeta e disponibilidade
de participar em tertúlias académicas, ensinando e muito,
os mais jovens, é salientada em artigo sob o título “Coisas de Almada e da
Gente Que Viveu e Vive Almada”[7],
datado de 5 de Dezembro de 2010, num blog
que recorda o convívio e as tertúlias do Café Central, na praça da
Restauração em Almada.
Faleceu na
freguesia do Campo Grande, em Lisboa, a 29 de Março de 1972[8].
Nota - A
caricatura apresentada, foi retirada do blog
e do artigo apresentado na referência 5.
Manuel Marques Inácio
[1] Da
Certidão de Idade presente no processo depositado no Arquivo da Universidade de
Coimbra, com entrada a 9 de Outubro de 1920.
[2] Em
“Grandes Figuras da Medicina Portuguesa” edição da Faribérica, Produtos Farmacêuticos,
SA (por indicação do seu conterrâneo António Fontes Coelho)
[3] Ver o
que sobre o assunto se apresenta na referência 4.
[4] Segundo
os investigadores Coronel José Anjos de Carvalho e Dr. António Manuel Nunes, no
seu artigo “Fado de Santa Cruz”, publicado neste blog (Parte III) a 21 de Maio de 2009, este tema. “O Fado de Santa
Cruz (Igreja de Santa Cruz)”, foi divulgado em Coimbra por Roma da Fonseca,
tenor e serenateiro, que o ensinou a Edmundo de Bettencourt.
[5] Averbamento
da Conservatória do Registo Civil do Alandroal, datado 15 de Março de 1944, no
assento de baptismo de Fortunato, natural do Alandroal, assento nº 57de 12 de
Novembro de 1898
[6] No seu blog
htpp;//largodoscorreios.wordpress.com, no artigo A Rua Direita – 2, acedido em
6 de Novembro de 2012.
[7] No blog htpp://almadalmada.blogspot.pt
acedido em 6 de Novembro de 2012.
[8]
Averbamento na página 2 do assento de baptismo de Fortunato, natural do
Alandroal, assento nº 57de 12 de Novembro de 1898
Etiquetas: Biografias
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