"A Vida dos Sons": deseja-se menos cinzenta e mais
multicolor (IV)
A edição do programa "A Vida dos Sons" (http://www.rtp.pt/programa/episodios/radio/p4688)
relativa ao ano de 1971 foi menos pobre – há que reconhecê-lo – no que à vertente cultural diz respeito.
A edição do programa "A Vida dos Sons" (http://www.rtp.pt/programa/episodios/radio/p4688)
relativa ao ano de 1971 foi menos pobre – há que reconhecê-lo – no que à vertente cultural diz respeito.
(Apenas coloco aqui alguns excertos do que Álvaro José Ferreira escreveu. Pode ver o texto completo no link que se segue, assim como ouvir todas as músicas e ver filmes do YouTube:
http://nossaradio.blogspot.pt/2012/07/a-vida-dos-sons-deseja-se-menos.html )
http://nossaradio.blogspot.pt/2012/07/a-vida-dos-sons-deseja-se-menos.html )
Falecimento do actor António
Silva; de origem humilde, começou a trabalhar com marçano (numa retrosaria e
numa drogaria) ao mesmo tempo que fazia o Curso Geral do Comércio; atraído pelo
teatro, integrou vários grupos amadores até se estrear como profissional (1910)
na Companhia Alves da Silva desempenhando um pequeno papel na peça "O Novo
Cristo", de Leon Tolstoi, levada à cena no Teatro da Rua dos Condes; com a
Companhia António de Sousa fez uma prolongada digressão ao Brasil onde
participou em três filmes, hoje perdidos – "Ubirajara" (1919), "Convém Martelar"
(1920) e "Coração de Gaúcho" (1920); de regresso a Portugal é contratado pela
Companhia Satanella-Amarante e transforma-se numa das mais populares vedetas do
teatro ligeiro, fazendo rir multidões no Parque Mayer; aí o vai buscar
Cottinelli Telmo para fazer de alfaiate Caetano (pai da costureirinha Beatriz
Costa) em "A Canção de Lisboa" (1933), filme que estabelece as bases da chamada
"comédia à portuguesa"; o seu talento para encarnar, com inimitável sentido
histriónico, figuras arquetípicas da pequena burguesia lisboeta está bem patente
em vários filmes ainda hoje muito populares, como: "O Pátio das Cantigas" (1942)
[>> YouTube], "O Costa do Castelo"
(1943) [>>YouTube], "A Menina da Rádio" (1944)
[>> YouTube], "A Vizinha do Lado" (1945)
[>> YouTube], "O Leão da Estrela" (1947)
[>> YouTube], "Fado, História d'uma
Cantadeira" (1947) [>> YouTube]e "O Grande Elias" (1950)
[>> YouTube];
Edição do álbum "Cantigas
do Maio", de José Afonso; «O mais histórico e o mais referencial de
todos os discos da música popular portuguesa. Gravado no Strawberry Studio, de
Michel Magne, em Herouville (França), entre 11 de Outubro e 4 de Novembro de
1971, com arranjos e direcção musical a cargo de José Mário Branco, este disco
assinala a primeira viragem de fundo na revolução musical iniciada por Zeca uma
dúzia de anos antes. O tratamento instrumental de cada tema, a beleza poética e
a subversão temática atingem aqui um nível nunca anteriormente possível. E, uma
vez mais, Zeca recusa a facilidade, incluindo canções onde o surreal é já
assumido na sua totalidade (para desespero da direita e de uma certa esquerda,
que insistia na necessidade de uma "definição clara" de Zeca, à luz do
"socialismo científico") como "Ronda das Mafarricas" [>> YouTube] ou "Senhor Arcanjo" [>> YouTube], a par de belíssimos temas de inspiração
popular, como "Maio, Maduro Maio" [>> YouTube], "Milho Verde" [>> YouTube], "A Mulher da Erva" [>> YouTube] ou "Cantigas do Maio" [>> YouTube] e de óbvios cantos de resistência, como
o "Cantar Alentejano" [>> YouTube], dedicado a Catarina Eufémia, camponesa
assassinada pela GNR, ou "Coro da Primavera" [>>YouTube]. Gravado num tempo
recorde e contando apenas com as participações de meia-dúzia de músicos (Carlos
Correia, Michel Delaporte, Christian Padovan, Tony Branis, Jacques Granier e
Francisco Fanhais, além de, naturalmente, José Mário Branco e Zeca), este disco
seria considerado, em 1978, como o melhor de sempre da música popular
portuguesa, numa votação organizada pelo "Sete" que contou com a participação de
25 críticos e jornalistas. Um tema, no entanto, bastaria para fazer de "Cantigas
do Maio" um marco da história portuguesa: "Grândola, Vila
Morena"[>> YouTube] [>>YouTube] [>>
YouTube], escolhida em 1974 como senha
para o arranque do Movimento dos Capitães, que em 25 de Abril derrubou a
ditadura fascista.» (Viriato Teles);
.
Edição do álbum "Gente de Aqui e de Agora", de Adriano Correia de Oliveira; é outro disco fundamental para a emancipação da música popular portuguesa relativamente à balada com simples acompanhamento à viola, pela maior sofisticação dos arranjos com o recurso a múltiplos instrumentos e, por vezes, a orquestra; os arranjos foram repartidos por Rui Ressureição, Thilo Krasmann, José Calvário e José Niza, que assina a totalidade das composições para os dez poemas do alinhamento: dois do galego Manuel Curros Enríquez ("Emigração" [>>
Edição do álbum "Gente de Aqui e de Agora", de Adriano Correia de Oliveira; é outro disco fundamental para a emancipação da música popular portuguesa relativamente à balada com simples acompanhamento à viola, pela maior sofisticação dos arranjos com o recurso a múltiplos instrumentos e, por vezes, a orquestra; os arranjos foram repartidos por Rui Ressureição, Thilo Krasmann, José Calvário e José Niza, que assina a totalidade das composições para os dez poemas do alinhamento: dois do galego Manuel Curros Enríquez ("Emigração" [>>
YouTube] e "Para Rosalía"),
dois de Manuel Alegre ("E Alegre se Fez Triste" [>> YouTube] e "Canção Tão Simples"
[>> YouTube]), um do Conde de Monsaraz ("O Senhor
Morgado" [>> YouTube]), um de Fernando Miguel Bernardes ("Cana
Verde" [>> YouTube]), um de Raul de Carvalho ("A Vila de
Alvito"), um de Luís de Andrade Pignatelli ("Cantiga de Amigo" [>> YouTube]), um de António Ferreira Guedes
("Roseira Brava" [>> YouTube]) e um de António Aleixo
("História do Quadrilheiro Manuel Domingos Louzeiro" [>> YouTube]);
.
Edição do álbum "Movimento Perpétuo", de Carlos Paredes; sequência lógica do LP "Guitarra Portuguesa" (1967), neste álbum o músico apresenta-se ainda mais inspirado e arrebatador; como escreveu Mário Correia, «é um Carlos Paredes demolidor das nossas veias, revolvendo-nos as entranhas de povo colectivo emergindo das cordas da guitarra, aquele que anima este "Movimento Perpétuo"»; o acompanhamento é na viola de Fernando Alvim, surgindo em "Mudar de Vida" (Tema [>> YouTube] e Música de Fundo [>> YouTube] do filme homónimo realizado por Paulo Rocha) a flauta de Tiago Velez; aos outros temas todos da autoria de Carlos Paredes – "Movimento Perpétuo" [>> YouTube], "Variações em Ré menor" [>> YouTube], "Danças Portuguesas N.º 2" [>> YouTube], "Variações em Mi menor" [>> YouTube], "Fantasia N.º 2" [>> YouTube], "Variações sobre uma Dança Popular", "António Marinheiro" (tema da peça de Bernardo Santareno) [>> YouTube] e "Canção" [>> YouTube] –,o guitarrista adicionou "Valsa" [>> YouTube] composta pelo seu avô paterno, Gonçalo Paredes;
Edição do álbum "Movimento Perpétuo", de Carlos Paredes; sequência lógica do LP "Guitarra Portuguesa" (1967), neste álbum o músico apresenta-se ainda mais inspirado e arrebatador; como escreveu Mário Correia, «é um Carlos Paredes demolidor das nossas veias, revolvendo-nos as entranhas de povo colectivo emergindo das cordas da guitarra, aquele que anima este "Movimento Perpétuo"»; o acompanhamento é na viola de Fernando Alvim, surgindo em "Mudar de Vida" (Tema [>> YouTube] e Música de Fundo [>> YouTube] do filme homónimo realizado por Paulo Rocha) a flauta de Tiago Velez; aos outros temas todos da autoria de Carlos Paredes – "Movimento Perpétuo" [>> YouTube], "Variações em Ré menor" [>> YouTube], "Danças Portuguesas N.º 2" [>> YouTube], "Variações em Mi menor" [>> YouTube], "Fantasia N.º 2" [>> YouTube], "Variações sobre uma Dança Popular", "António Marinheiro" (tema da peça de Bernardo Santareno) [>> YouTube] e "Canção" [>> YouTube] –,o guitarrista adicionou "Valsa" [>> YouTube] composta pelo seu avô paterno, Gonçalo Paredes;
Álvaro José Ferreira
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