Comentário
Se o anónimo pudesse deixar cair essa do "Exmo Sr." que poderá entre outras leituras, significar um distanciamento e algo mais, eu ficaria grato, e facilitaria a minha investigação quinzenal em Coimbra e um contacto directo que muito me seria útil. Muitos me conhecem e sabem que apesar de ser doutorado em engenharia, sou um homem simples, nascido no seio povo, ao qual me orgulho de pertencer. Tenho uma relutância inultrapassável a qualquer tipo de vaidade, hipocrisia ou desconsideração.
Não coloquei, mais cedo, aqui no Blog, esta minha modesta contribuição, porque aguardava a resposta do Museu do Fado. Como eu calculava, não veio da sua Directora, mas de uma colaboradora próxima. A resposta é muito educada, como não podia deixar de ser, simpática, mas recheada de desconhecimento e fugindo claramente à questão central sobre a família Paredes. Tentarei continuar a explicar-lhes o que sei, desde a Coimbra que vivi há quarenta e quase cinco anos, mas que nunca abandonei, porque faz parte do meu viver.
Mentiria se não disesse que grandes figuras e amigos do universo da canção coimbrã, me estão a ajudar no trabalho de pesquisa relativo à obra e intervenção de mestre Artur Paredes, de quem nalguns aspectos, e imcompreensívelmente, pouco se sabe. Como exemplo, poderei dar, que a única dissertação de mestrado que aborda a obra e a vida do mestre, desenvolve a teoria, após uma investigação séria, de que o mestre deverá ter estudado no Colégio dos Órfãos em Coimbra, o que na realidade nunca aconteceu. Por lá ocupei também muitas horas de investigação.
Estudou sim num Colégio de Coimbra, mas não aquele.
O mestre contrariamente ao que muitos julgam, foi na sua actividade bancária, um técnico altamente qualificado para a época, e que apesar de ter vários amigos a interceder por ele no BNU, tecnicamente, de tal não necessitava. A visão mesquinha e redutora de alguns, não acompanharam o seu espírito, determinação e talento superior. Também ver o Pai suicidar-se depois de tentar matar a mulher, com três tiros de pistola, é algo que forçosamente tem que afectar um jovem tão desprotegido familiarmente e com pouca aceitação posterior por parte de seu tio Manuel Paredes e pela comunidade não académica, de Coimbra. As dificuldades financeiras, algumas polémicas, os desgostos e as incompreensões, levaram-no logo que lhe foi possível, a sair de Coimbra.
Realmente, mestre Artur Paredes, nunca pisou a Universidade, mas tinha o Curso de Contabilista, o que para a altura, era quase o equivalente a um bacharelato.
Aos que me têm ajudado na investigação e aos outros que penso que poderão disponibilizar muito do saber, o meu obrigado.
Eu sei que deixei partir muitos e muitos que poderiam ajudar, como José Rodrigues, António Ferreira Alves, João Bagão, António Portugal e alguns outros. Até o ancião e Juiz Conselheiro Dr. Agostinho Fontes, grande cantor de Coimbra, que aos 100 anos ainda estava perfeitamente lúcido, e que amigo que era, com vivências conjuntas nos anos 20 do século passado, muito me poderia ajudar. Mas partiu em 1990.
Resta-me a certeza que alguns outros que tiveram o privilégio de contactar com mestre Artur Paredes, e que eu conheço quase todos, me estão e irão dar a sua ajuda. Obrigado por me darem a possibilidade de escrever estas linhas.
Mnuel Marques Inácio